Um surto psicótico, minha cabeça explodia de pensamentos que não sairam pela boca, que não foram esvaziados em um copo qualquer. Eu me via alí presa em um olhar de desprezo e um deboche vazio.
Por dias o vi, uma ou duas vezes por semana, quase todos os sábados, ele era sombrio comigo, e isso me fascinava.
Em um dia desses, me vi pairando pelas redes sociais quando vejo uma mensagem de um número desconhecido. Minha boca secou.
Era ele . Gabriel o anjo obscuro (como eu o chamava internamente) queria participar de um grupo no qual eu administrava, o coloquei sem exitar.
Trocamos algumas frases, um "tudo bem? " o assunto era vazio como se fosse apenas por gentileza. Quando todo desdém terminou, pensei muito em tomar uma iniciativa, ou deixar o enigmático afastado, mas toda forma, esperei arduamente por qualquer contato por qualquer mensagem, que me desse razão.
E assim aconteceu, lá pelas nove horas da manhã, meu celular vibra , recebo um bom dia frio num dia quente, o assunto rendia, perdi horas conversando sobre a vida, as loucuras, muitos pontos eram discutidos, era estranho, ele batia de frente comigo o tempo inteiro, ele queria conversar, ele queria me ligar, conversar comigo depois do culto. Vinha até mim sem nenhum esforço sem nenhuma frescura, parecia-me que ele estava disposto a ficar.
Vivia dias insanos, como uma endorfina em uma dor que aliviava tudo que acontecera anteriormente, um coração destruido levemente carente, parecia querer encontrar onde pudesse descansar por algum tempo.
Conversar foram e voltaram, a gente se entendia tão bem, eu me via escutando bobeiras o dia todo, até que um dia algo aconteceu.
Desde o dia que começamos a conversar não via mais seus olhos fulminantes, o fogo se abrandava lentamente, eu via, sentia. Porém na tarde de um sábado eu mandei o bom dia como sempre, ele foi frio, grotesco, senti uma enorme antipatia de quem se julgava meu "amigo" , com palavras duras me falou que estava solteiro e nunca mais queria me ver. Bloqueou-me e não tive como responder, senti um maremoto cruzar os pontos cicatrizado do meu coração inflamando-os novamente.
Naquele mesmo dia numa certa distância vi a chama de seus olhos se acenderem novamente, senti que tudo estaria perdido, que era um amor de carnaval. E me consolei.
Domingo a noite tudo começou de novo, eu o via minhas pernas tremiam e eu jurava certa frieza e incômodo perto dele, que se fazia desentendido.
O culto acabou, e como numa cena de filme infantil pegamos o mesmo copo, ele me sorri, como se nada tivesse acontecido, minha mente entra em pane, eu já não sabia o que fazer. Joguei tudo na cara dele, ignorei o fato dele ser um anjo ou não . Ele cruza seus braços sobre os meus ombros e levemente beija minha testa, ele me pede perdão e o meu coração aceita como se nada tivesse acontecido como se só tivesse acontecido naturalmente como se não houvesse mais nada racional na minha mente, como se eu o quisesse inteiramente.
Comentários
Postar um comentário