Senti por mim hoje uma grande necessidade de me abrir, me senti pronta pra contar o que ninguém vê, o que ninguém conta quando se tem menos de 18 anos e um filho na barriga.
Tudo começou quando eu resolvi que estava na hora dos meus pais entenderem que já não era mais uma criança, fazia dois meses que completei 17 anos, achei um máximo. Quis sair, me divertir, coisa da fase sabe? Pois bem, e indo as festas eu percebi que o mesmo cara sempre me olhava, as minhas "amigas" todas queriam ficar com ele, porém quem ficou foi eu.
Ele era perfeito, 20 anos de idade, um moreno dos olhos verdes não se encontra todo dia, pensei eu. Ele falava que me amava a todo instante, em menos de uma semana ficamos, dois meses se passaram e continuamos ficando. Até que um dia, tudo mudou.
Marcamos de nos encontrar na casa dele mesmo, eu fui um pouco mais cedo, e sem querer vi meu sonho destruído, o homem que eu tinha encontrado morto a tiros na calçada de casa, o alvoroço tomou conta de mim, corri, gritei, não me deixaram chegar perto, Fechei os olhos, não lembro mais o que aconteceu , acordei no hospital, com a notícia que estava grávida, fiquei sem reação.
Como criaria um filho sem pai? Porquê comigo? Senti uma súbita vontade de morrer, falar que fui uma péssima mãe por não ter ficado alegre com a notícia da criança é muito fácil. Eu sofri calada, todos os dias sendo julgada, como sem vergonha, ou olhares de pena como se eu precisace de alguém, como se não me bastasse todo sofrimento.
Senti vontade de abortar várias vezes, senti vontade de me matar milhares, e fiquei viva, meus pais já não me queriam em casa, sai sem nada, fui tentar a vida.
E sabe o que não te contam? Que a gente tem vontade de não viver porque a sociedade mata, sabe o quê mais? Esse quartos lindos de bebê, essa felicidade independente de qualquer coisa não é assim não, ser mãe, ser adolescente ter minha vida toda pela frente.
Eu arrumei um trabalho, trabalhei no caixa de um super mercado até os 8 meses, não tinha nada, a não ser um quarto, não tive condições de fazer um pré natal, não sabia o sexo.
Lembro como hoje quando senti minhas dores, e ainda não sabia o quanto seria estressante, as 13:00 daquela terça-feira eu tive aquela menina.
Ela não chorou, nasceu roxinha, e pela primeira vez em nove meses eu senti amor por ela, eu não sabia o que fazer pedia pra que me falassem o que havia com a minha filha, sim minha filha.
Quando e vi aquela menina que carinhosamente coloquei o nome de Larissa, ela estava bem, as enfermeiras tinham se juntado e comprado roupinhas pra ela.
Eu sou mãe, e não me arrependo, mãe por sentir a dor de não poder criar alguém, mas crio, luto todos os dias, mesmo hoje não tão bonita como antes, mas feliz por ser a mulher que sou hoje, por ter tido força, de ser viúva ,mãe solteira .
Eu podia estar com minha vida comum, abortado e seguido, mas com certeza não estaria tão bem quanto estou hoje, e sabe o que não te contam também?
É que a felicidade que vem após a dor imensa é incrível.
(Esse texto foi meramente criado para você que está passando por uma situação como essa, seja forte amiga) ❤
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